ESTUDO DAS COBERTURAS SUPERFICIAIS NA INTERFACE CERRADO-VEREDA NO NORTE DE MINAS GERAIS
DOI:
https://doi.org/10.20502/rbg.v16i3.765Palavras-chave:
material superficial da vertente, dinâmica hidrogeomorfológica, veredasResumo
Embora sejam contempladas por pesquisas que abordam seus diversos aspectos naturais, com ênfase biológica, as veredas carecem de estudos sobre suas coberturas superficiais e das encostas associadas, incluindo os solos. Este estudo buscou analisar essas coberturas e suas relações com a dinâmica do canal fluvial, tendo como área de investigação a vereda/rio Peruaçu, afluente do Rio São Francisco, localizada no norte de Minas Gerais. Estudos dessa natureza podem elucidar mecanismos hidrogeomorfológicos presentes no desenvolvimento e manutenção da água no canal, bem como nas características e especificidades das coberturas superficiais. A metodologia envolveu a identificação e caracterização de uma vertente na zona de cabeceira através de medidas e observações ao longo de um transecto. Essas observações e medidas foram realizadas tanto em tradagens (3) até o limite da zona saturada, como em trincheiras (perfis) superficiais (4), para detalhamento da cobertura pedológica. Análises laboratoriais incluíram: granulometria, pH, química de rotina, difratometria de Raios-X (DRX) e descrição micromorfológica. Os resultados indicam a predominância de areia em toda a cobertura, como esperado, uma vez que a mesma é formada por arenitos do Grupo Urucuia, do Cretáceo. No entanto, a distribuição das areias não é regular ao longo da vertente, com percentagens menores e mais finas nas camadas superiores, acompanhado por maior percentual de argila. O oposto é verificado no domínio da vereda, que apresenta acúmulo de argila e diminuição das areias grossas nas camadas superiores, apontando para a migração das frações de argila das porções superiores do relevo para as mais baixas, possivelmente através da influência da flutuação sazonal do freático. Os dados mineralógicos apontam a predominância de quartzo e caulinita, com ausência de argilas do tipo 2:1, que indica intemperismo profundo das rochas do substrato. O comportamento da relação AF/AG indicou também que as coberturas presentes na vertente possuem homogeneidade composicional, apontando para o fato de que, nas encostas, o material é eluvial. O oposto foi identificado no fundo do canal, o que corrobora o fato de que nesta zona a dinâmica hidrogeomorfológica é maior. O conjunto dos resultados permite assumir que a hidrodinâmica geomorfológica tem um papel importante na redistribuição dos materiais das coberturas superficiais ao longo da vertente, influenciando os processos pedogenéticos e mesmo fluviais da vereda estudada.
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