VARIABILIDADE MORFODINÂMICA DE DELTAS LAGUNARES HOLOCÊNICOS DO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20502/rbg.v22i2.1838

Palavras-chave:

Delta, Morfologia deltaica, Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS)

Resumo

Deltas lagunares estão distribuídos ao longo da Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS), localizados preferencialmente no Sistema Laguna-Barreira IV, em porções onde a linha de costa apresenta comportamento transgressivo. A maior parte dos deltas está condicionada pelo influxo sedimentar provido pelos campos de dunas que ali se desenvolvem, fazendo parte do processo de retrogradação do Sistema IV. No litoral norte da PCRS, diferentes morfologias deltaicas são observadas nas margens leste das Lagoas do Gentil e Manuel Nunes e este artigo tem como objetivo responder como os fatores controladores interagem na produção da diversidade morfológica. Para identificar as relações morfodinâmicas, realizou-se a análise morfométrica temporal dos elementos que compõem os sistemas deltaicos utilizando sensoriamento remoto conjugado com sistemas de informação geográfica. Os parâmetros morfométricos obtidos para os anos de 2003 a 2018 foram correlacionadas com perfis topográficos e modelos batimétricos. As morfologias deltaicas observadas variam entre lobadas, arqueadas e digitadas, e os fatores controladores compreendem principalmente disponibilidade de sedimentos, espaço de acomodação, presença de vegetação, processos eólicos e atividades antrópicas. O aporte sedimentar está vinculado aos processos costeiros sobretudo aos fluxos eólicos que influenciam desde a ação das ondas até a migração do campo de dunas no sentido NE. O espaço de acomodação relaciona-se com os níveis de base dado pela batimetria das lagoas e as flutuações do nível d’água, que é controlado pelas precipitações e variações climáticas sazonais. A presença de vegetação no campo de dunas dificulta a entrada de sedimentos e aumenta a umidade no solo, propiciando a formação de canais aluviais coesos, sinuosos e estreitos. Na ausência de vegetação os canais são largos e difusos e os processos eólicos dominam. A presença de salinidade e a baixa profundidade da Lagoa do Gentil contribui para ampla proliferação das macrófitas aquáticas, as quais auxiliam na estabilização dos lobos deltaicos. Enquanto na Lagoa Manuel Nunes a ausência de salinidade e maiores profundidade na margem leste, refletem na ausência de macrófitas aquáticas junto aos deltas. A expansão da ocupação urbana sobre a Barreira IV faz com que o transporte de sedimentos da praia para o campo de dunas seja interrompido, diminuindo a disponibilidade de sedimentos, ao mesmo tempo em que propicia o aumento de umidade pela impermeabilização do solo e pela introdução de vegetação, como a espécie invasora Pinus sp. A implantação do parque eólico sobre o campo de dunas altera a forma e a extensão das sub-bacias de drenagem que alimentam os deltas lagunares, no entanto, apresentam pouco ou nenhum reflexo nas planícies deltaicas no período observado. As interações entre as causas e os efeitos que condicionam as morfologias deltaicas foram integradas em uma rede e a partir dessas relações foi sugerido um modelo evolutivo para dos deltas lagunares. Dentro da curta escala de tempo em que foram observados, as tendências evolutivas indicam que os sistemas deltaicos podem evoluir de morfologias arqueadas para lobadas, e de lobadas para digitadas.

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Publicado

01-04-2021

Como Citar

Rocha, M. X., & Rosa, M. L. C. da C. (2021). VARIABILIDADE MORFODINÂMICA DE DELTAS LAGUNARES HOLOCÊNICOS DO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL. Revista Brasileira De Geomorfologia, 22(2). https://doi.org/10.20502/rbg.v22i2.1838

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