Efeitos de barragens em barras fluviais do baixo Rio São Francisco: dinâmica morfosedimentar e implicações para interpretação de rios antigos
DOI:
https://doi.org/10.20502/rbgeomorfologia.v25i2.2495Palavras-chave:
Rios barrados, geomorfologia fluvial,, Médio rio São FranciscoResumo
Os principais rios ativos do mundo estão barrados, com vazão defluente reduzida e afetados por assoreamento do canal, o que limita o uso de seus depósitos sedimentares como análogos para interpretação de paleoambientes. O Rio São Francisco hipoteticamente influenciado pelo último barramento de Xingó é um exemplo, cujo canal teria sofrido mudanças geomorfológicas significativas nos últimos 30 anos, porém pouco investigado em detalhe. Com o objetivo de suprir esta lacuna, foram investigadas morfologia e sedimentologia de barras em um trecho do baixo curso, próximos à Propriá (SE). Os métodos foram: fotointerpretação de cartas topográficas, imagens de satélite e análise de fácies. Os resultados da fotointerpretação evidenciam um canal largo, com poucas barras de meio de canal e canais secundários sob fluxo natural (1854 – 1959), acréscimos à jusante e colmatação de canais de atalho durante os barramentos (1954-1994). Os 18 anos após Xingó não evidenciaram mudanças relevantes na morfologia do trecho, corroborando com a hipótese da influência sobre o assoreamento, porém mais notado a partir dos anos 2010, quando as taxas de crescimento foram maiores. O modelo sedimentológico proposto sugere a presença de canais secundários rasos, transversais ao canal principal recobertos por lama e lençóis de areia eólica sobre o topo de barras. O modelo contrasta com interpretações do registro rochoso, onde as mesmas evidências suportariam interpretações compatíveis com paleoambientes às margens do canal principal, em um contexto de planície de inundação. Nosso estudo de caso reforça a necessidade de recorrer as evidências de canais ativos na escala de detalhe para reinterpretar o registro antigo de forma mais assertiva e independente de modelos fluviais construídos a partir do registro de climas polares e temperados de rios de degelo.
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