FERRAMENTAS MODERNAS PARA A EXTRAÇÃO DE MÉTRICAS DE GRADIENTES FLUVIAIS A PARTIR DE MDES: UMA REVISÃO

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DOI:

https://doi.org/10.20502/rbg.v21i1.1732

Resumo

A análise quantitativa da topografia moderna se refere a um conjunto de métodos para a extração de informações topográficas a partir de modelos digitais de elevação (MDEs), objetivando investigar relações gerais entre as formas topográficas e os processos denudacionais e tectônicos, bem como inferir a variabilidade espacial dos processos motrizes de evolução geomórfica. A teoria por trás desses métodos se sustenta no controle exercido pelas formas topográficas na eficiência dos processos denudacionais em uma abordagem onde, de maneira geral, a taxa de incisão fluvial é o controle fundamental da evolução das paisagens erosivas. Assim, a análise quantitativa de perfis longitudinais se estabeleceu como o principal método de análise topográfica, sendo usada para inferir a variabilidade espacial de taxas de incisão e a dinâmica espacial e temporal de controles potenciais (tectônicos, litológicos e climáticos) da morfologia fluvial. Apesar dessa importância e dado o desenvolvimento recente de novos métodos para a análise quantitativa da topografia a partir de métricas de gradiente fluvial, existe uma lacuna quanto a uma discussão teórica atualizada sobre esse tema na comunidade geomorfológica nacional. Este trabalho é um artigo de revisão no qual discutimos a teoria por trás dos diferentes métodos usados para a extração de métricas de gradientes fluviais, suas limitações e ferramentas modernas que vêm sendo amplamente utilizadas em nível internacional. Inicialmente, apresentamos uma abordagem geral sobre o papel das métricas de gradiente fluvial e seu significado geomórfico. Em seguida, apresentamos uma discussão em detalhe sobre o método stream length-gradient index (referido como índice SL ou índice de Hack) e suas variações, que foram amplamente utilizadas pela comunidade geomorfológica. Na sequência, apresentamos um aprofundamento teórico com relação às métricas baseadas no modelo stream-power, incluindo os índices de concavidade e de inclinação, bem como o índice de inclinação do canal normalizado (ksn), com ampla aceitação pela comunidade geomorfológica. Discutimos também a fundamentação teórica e a derivação da métrica ksn a partir do método chi, um desenvolvimento metodológico que revolucionou a análise quantitativa da topografia de ambientes erosivos ao possibilitar estimativas mais precisas da variabilidade espacial de ksn, culminando no desenvolvimento de uma série de novas ferramentas capazes de realizar análises topográficas complexas. Por fim, comparamos a distribuição das diferentes métricas de gradiente fluvial para uma mesma paisagem erosiva, o Quadrilátero Ferrífero, localizado na porção sudeste do Brasil. Nossos resultados, de maneira consistente com a literatura e também com a teoria, indicam que a métrica mais robusta de gradiente fluvial para o Quadrilátero Ferrífero é o ksn extraído a partir da análise chi. Espera-se que esse artigo de revisão possa melhor difundir conceitos e ferramentas modernas com potencial para a análise quantitativa da topografia, mas que ainda hoje possuem aplicações escassas na literatura nacional.

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Biografia do Autor

Daniel Peifer, Universidade Federal de Minas Gerais

CAPES PrInt Postdoctoral ResearcherUniversidade Federal de Minas GeraisGeotecLab - Centro de Pesquisas Manoel Teixeira da Costa
Instituto de Geociências (CPMTC - IGC - UFMG)
Campus Pampulha, Belo Horizonte - MG, Brasil, 31270-901

Édipo Henrique Cremon, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás-IFG (Campus Goiânia)

Geógrafo pela Universidade Estadual de Maringá e membro do Grupo de Estudos Multidisciplinares do Ambiente (GEMA) pela mesma universidade. Mestre e Doutor em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE, com período de doutorado sanduíche na University of Exeter (Reino Unido). Recebeu o prêmio Jovem Geomorfólogo (2014) e melhor tese em geomorfologia (2016), conferido pela União da Geomorfologia Brasileira (UGB). Atualmente é Professor Efetivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás-IFG (Campus Goiânia) e atua principalmente nos temas: geomorfologia, Quaternário continental, sensoriamento remoto e geoprocessamento. Orienta no Programa de Mestrado Profissional em Tecnologia de Processos Sustentáveis (IFG).

Fábio Correa Alves, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Geógrafo pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2013). Possui experiência com geoprocessamento e sensoriamento remoto aplicado a geociências (desde 2009). Participa do Grupo de Estudos Multidisciplinares do Ambiente (GEMA) pela mesma universidade. É também participante do grupo de pesquisa Paisagens no Tempo e Espaço (PATES) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Têm experiência com geomorfologia fluvial, particularmente na análise de sistemas fluviais tropicais da Bacia do Paraná. É mestre em sensoriamento remoto pelo INPE (2015). Neste caso, possui conhecimento no uso de diversas técnicas e produtos de sensoriamento remoto aplicados a evolução tectono-sedimentar de rios e formas do relevo da Bacia Paraíba, Nordeste do Brasil. Atualmente é doutorando em sensoriamento remoto pelo INPE, com pesquisa em mapeamento geológico e neotectônica da porção norte da Bacia Paraíba, PB.

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Publicado

01-01-2020

Como Citar

Peifer, D., Cremon, Édipo H., & Alves, F. C. (2020). FERRAMENTAS MODERNAS PARA A EXTRAÇÃO DE MÉTRICAS DE GRADIENTES FLUVIAIS A PARTIR DE MDES: UMA REVISÃO. Revista Brasileira De Geomorfologia, 21(1). https://doi.org/10.20502/rbg.v21i1.1732

Edição

Seção

Artigos