MORFOGÊNESE NO QUADRILÁTERO FERRÍFERO/MG NO QUATERNÁRIO SUPERIOR: PROCESSOS FLUVIAIS E CONDICIONANTES PALEOAMBIENTAIS NA BACIA DO RIO DAS VELHAS

Resumo

Visando aprofundar a compreensão da geomorfologia regional, diversos levantamentos de níveis e sucessões deposicionais fluviais foram empreendidos no Quadrilátero Ferrífero nas últimas décadas. Entretanto, faltam estudos mais regionalizados, que analisem mais de um vale fluvial. A partir de novos dados e da releitura em campo da literatura sobre o tema na área de estudo, este trabalho discute o quadro de níveis e sucessões deposicionais fluviais da bacia do alto Rio das Velhas, que compreende a drenagem da área core do Quadrilátero Ferrífero. Os resultados revelam um relevo dinâmico, sensível às forças tectônicas e variações climáticas do Quaternário Superior. Os níveis deposicionais fluviais foram datados entre 84-1 Ka por Luminescência Opticamente Estimulada (LOE), permitindo a releitura de dados anteriores e a correlação de depósitos em fases de evolução do sistema fluvial do alto Rio das Velhas. Esses níveis são, em sua maioria, dos tipos escalonado e pareado e, portanto, configuram-se como importantes marcadores dos ritmos da tectônica quaternária na região. Destaca-se o encaixamento de alguns cursos d’água ainda no Holoceno Superior. As datações permitem a associação de diferentes níveis fluviais com oscilações climáticas, que deixaram como registros couraças ferruginosas desenvolvidas sob um clima mais seco/frio que o atual, bem como o embutimento de planícies de inundação em níveis mais antigos, desenvolvidos durante o último máximo glacial.